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COMEÇAR DO VAZIO

Umas das minhas maiores dificuldades, se não a maior, no quesito organização é saber como começar do zero. Na minha vida, de certa forma, eu sempre estive atarefada: ensino médio, vestibular, curso de inglês, faculdade, estágio, TCC. Sempre havia alguma coisa para ocupar meu temo. Claro que havia um tempo livre para o lazer entre as tarefas, só que desde de menina eu sempre gastei esse tempo da mesma maneira: no computador, vendo fotos das roupas de celebridades, rindo de memes e lendo blogs – e, atualmente, faço isso tudo em única rede social: Instagram.

Não me entenda mal, eu adoraria fazer outras coisas, tais quais manter um blog (oi!), ler um livro... Mas, ah! as vontades... "Um dia eu coloco em prática". Já falou algo assim? Pois é. É que ter inspiração para o blog parecia tão difícil quanto me concentrar em uma leitura. Ficar na internet, como eu sempre fiz, era mais fácil. 

A verdade é que eu sempre quis ser diferente do que sou. Eu nunca estive muito satisfeita comigo mesma. Eu sempre quis ser melhor, mais evoluída, mais compromissada. Seja com meu visual, com meus hábitos ou com meu próprio temperamento e comportamento. E isso é chato.

Se você quer ser "melhor", parece que você está ruim agora. Parece que você está errada. E, às vezes, essa é a nossa sensação mesmo. Mas como você pode melhorar, se você não gosta de quem você é agora? É como lutar contra uma parede: aonde você pode chegar com isso?

Acho que a caminhada seria muito mais fácil para mim se eu fosse compreensiva, em vez de exigente, comigo mesma. Eu estou sempre exigindo algo de mim. E, veja bem, eu disse "exigindo" e não "querendo" ou "buscando". Eu exijo que eu seja de tal forma ou faça tal coisa (ter um blog, ler, estudar três horas por dia, etc.) e, por não sentir ânimo ou mesmo a confiança em mim para ir atrás (afinal, eu não acredito ou gosto de mim o suficiente), eu falho. E, assim, eu vivo falhando. 

Além disso, eu acho que tentar me organizar e ir atrás das minhas metas ficou muito mais complicado quando eu perdi todos meus compromissos e, com isso, ganhei a possibilidade de todos e qualquer compromisso

Eu não tenho uma faculdade para estudar ou um trabalho para ir... Eu nem preciso pagar as minhas contas. Sim, eu sei que isso é um grande privilégio. Sou grata pela minha condição de vida. Ao mesmo tempo, ter uma vida boa, faz com que eu me cobre ainda mais. "Como que eu fiz escola e faculdade particular, estudei no exterior e ainda não sou nada? Pior: nem sei qual é meu objetivo de vida?". Essa cobrança é complicada e dolorosa.

Para mim, esse cenário é literalmente como começar do vazio. E, de novo, atenção para o fato de que eu digo do vazio e não "do zero".  Começar do zero significa que você já está em algum nível da escala – ainda que seja no começo dela. Começar do vazio é não ter uma escala. Porque é assim que me sinto grande parte do tempo: eu não sei qual é minha ambição, meu propósito, meus desejos de vida, então eu realmente não sei como ocupar meu tempo agora, já que não sei o que busco em "longo prazo".



Desde que eu me formei, no final de 2016, acho que eu fiz "qualquer coisa" para saber se eu gostaria de ir atrás de alguma delas: fiz cursos de moda, de maquiagem, fiz intercâmbio, fiz vídeos de Youtube...  Mas ainda me sinto perdida. Às vezes, eu só queria que me dessem respostas – mas seguir as respostas dos outros seria apenas uma falsa sensação que eu estou fazendo algo da minha vida. Afinal, eu estaria fazendo algo da minha vida na perspectiva dos outros.


Então, como começar sem ambições?

Por isso, achei meio engraçado quando em um dos capítulos do livro Vida Organizada, a autora Thaís Godinho pede para que a gente imagine como seria a nossa vida (hoje, aqui, agora) se tivéssemos 100 milhões de reais no banco: o que estaríamos fazendo e como seria nossa rotina?

Veio de forma rápida na minha mente que eu adoraria o estilo de vida da Negin Mirsaheli, uma blogueira holandesa que veste roupas descoladas, é dona de uma empresa de cosméticos e viaja para diferentes cidades do mundo t-o-d-a-s as semanas ao lado do "namorido" para participar de algum evento. E o mais legal é que ela ainda compartilha as aventuras em vlogs divertidos no Youtube. Não parece mal, certo?

Então, é isso? Eu simplesmente quero ser rica e ter uma vida digna de blogueira ou uma Kardashian? Até aí, isso pode parecer o "sonho" de muita gente.  Eu sou taurina então riqueza e conforto, de fato, me atraem. "Shmoney!", como diria Cardi B, mas não sei...



Eu acho que o fato de a vida da Negin vir à minha mente não é só pela aparente vida perfeita. Se eu for mais minuciosa, posso achar desejos mais palpáveis à minha vida. Veja só:

Partes por partes 

"Uma blogueira holandesa, que veste roupas descoladas". Hm, eu sempre quis ter um blog consistente (este coitado aqui, o Processando, é a tentativa mais bem sucedida desde os meus 13 anos de idade) e eu sou muito afetada pelo meu visual. As matérias que escrevi sobre consultoria de estilo, no ano passado, provam isso

"Dona de uma empresa de cosméticos". No post passado, eu comentei que queria ter algo próprio. Um grande sonho seria ser ~dona e proprietária~ de algum canal de comunicação ou de produção de conteúdo. Eu sou apaixonada pelo Refinery29, plataforma americana completamente digital que arrasa no conteúdo feminino. 

"Viaja para diferentes cidades do mundo todas as semanas...". Até aí, nenhuma novidade para mim:  Eu amo viajar. Eu termino uma viagem já pensando em outra e sou muito ligada ao exterior; eu gosto de culturas diferentes.

Ao mesmo tempo em que eu gosto da sensação de ter uma rotina fixa, viagens são a possibilidade de eu me ~livrar~ um pouco dessa rigidez do dia a dia. E eu não questionaria uma "rotina de viagens". Na verdade, minhas viagens todas têm um quê de rotina com as programações que faço.

"... Ao lado do namorido". Ok, o único relacionamento que eu tenho em anos é com a minha cama (te amo, bebê), mas eu nunca negaria um James Rodríguez ao meu lado (E isso vai acontecer, tenho fé).

"E ainda compartilha as aventuras em vlogs divertidos". Tá-rãm! Eu amo Youtube e desde o ano passado tento investir no meu canal, embora eu morra de vergonha de divulgá-lo.

Achei minhas ambições?

Pensando bem, eu realmente me identifico e desejo muito as coisas descritas acima. Talvez eu não vire uma blogueira famosa, mas eu posso ir trabalhando em cada um desses tópicos. Por mim. Porque se esse foi o estilo de vida que eu imaginei para mim como uma milionária, no mínimo, deve ser uma vontade verdadeira, não algo movido apenas para ter o dinheiro que possibilita esse estilo de vida. Faz sentido?

É engraçado que a gente, no fundo, talvez saiba quais são os nossos desejos para a vida, mas a gente os nega por achá-los muito impossíveis ou "sonhadores demais" e fica  vagando pela vida, perdidos, tentando procurar outros "mais reais". Já imagino comentários como "ah, então vamos todos virar blogueiras e viver dessa maneira, se é tão fácil".

Primeiro, eu não acho que não seja fácil. Mesmo. Segundo, eu realmente não acho que todos querem ser blogueira – aliás, eu também não estou dizendo que eu quero ser uma, de maneira específica, só me "comparei" com alguém que é. Eu acho que as pessoas só querem a vida de blogueira, que parece fácil (mas não é). É muito fácil julgar sem saber como as pessoas chegaram e se mantêm ali.

Então, voltando ao que eu estava falando, talvez a gente saiba quais são os nossos sonhos, mas tenha medo de encará-los por achá-los impossíveis. Pensamos "ok, seria ótimo, mas agora voltando à vida real...".

Mas, peraí, calma! E se a gente parasse de achar nossos sonhos impossíveis e começássemos a trazê-los para a nossa realidade, nossas possibilidades?

E se eu começasse a investir no meu visual, no meu canal no Youtube, em um futuro negócio, enfim nos meus sonhos em vez de ficar tentando achar soluções para simplesmente sobreviver nessa vida de outra maneira?

Sei lá. E se eu fizesse um curso em algo que me ajude com esses meus desejos "impossíveis" em vez de investir em curso qualquer de marketing, algo que eu não quero seguir carreira (eu acho), só para ter um trabalho? Porque, atualmente, trabalho em marketing não falta. Porque atualmente tudo é marketing. Jornalista, dentista, médico, nutricionista, todos trabalham com marketing.

Ir atrás dos desejos não é fácil. Para ter um negócio próprio, eu vou ter que ralar muito (e entender marketing, risos); é muito provável que eu tenha que trabalhar em algo que não seja legal para ter o dinheiro para conseguir abrir algo próprio. E se eu conseguir chegar lá, não precisa ser a maior empresa do mundo, só algo legal e com seguidores fiéis.

Será que buscar nossas ambições dessa maneira, pensando alto, é uma forma legítima de ir atrás da vida que queremos?
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