Desde que entrei na faculdade minha mente abriu muito, comecei a questionar certas verdades e a perceber que para tudo existe "o outro lado da moeda". Eu já declarei aqui no blog que sou (ou era) bastante interessada no universo da moda e dos cosméticos. Eu aspirava desde os meus doze anos ser "a melhor versão de mim". Eu queria ser 5kg mais magra (no mínimo), me vestir que nem a Mary Kate Olsen, ter a pele da Emma Watson, ter o ondulado do cabelo da Gisele, mas enfim do "meu" jeito, sem perder um quê de Chames, né?
Talvez pelo fato de que desde pequena estive por dentro de tudo que acontece nesse mundo de pessoas estilosas, ricas e magras eu acabei criando expectativas muito altas em relação ao que eu almejava ser. Olhando para trás, eu percebo que eu NUNCA estive totalmente satisfeita com quem eu sou. Na minha pré-adolescência eu sofria por ter um cabelo pesado, com fios ressecados, cheio de frizz e muito mas MUITO volumoso. Um pouco mais velha, sofri com um acne pesada principalmente na região da testa - era tanta espinha que a região chegava a ser vermelha. No meu intercâmbio, aos 16 anos pesando uns 59kg (o que pro meu tipo físico é MUITO bom), tentei fazer todas as dietas possíveis. Até hoje a questão do peso ainda me incomoda mas 85% menos do que quando eu era mais jovem.
Vamos falar de Body Confidence pras mulheres mas photoshapar o corpo de uma na capa e rezar para que ninguém pense nisso. Katy na capa da Cosmopolitan de julho desse ano.
O motivo do meu incômodo ter diminuído foi a descoberta da "padronização da mídia". A mídia nos mostra mulheres magras, trabalhadoras, segurando sempre um sorriso confiante do rosto, fabulosas...que dificilmente existem. Nós sabemos que a Gisele é linda e que ela existe. Mas, pera, calma. Como que elas conseguem estar sempre cuidando do corpo, usando roupas incríveis e sendo tão felizes? Aqui está minha reposta: elas não conseguem. Ninguém consegue e ninguém precisa conseguir.
O padrão de mulher difundido pelas revistas, televisão ou qualquer meio de comunicação tá longe de ser real. Mas acho que isso vocês já ouviram por aí; esse blá blá blá tanto eu como você já estamos cansados de saber. Ainda, eu acho que não estamos plenamente convencidos disso, por isso continuarei meu discurso.
Nicole Scherzinger, lead singer do Pussycat Dolls, sofria no auge do grupo de bulimia crônica. Demi Lovato aos 18 anos foi internada em uma rehab por motivos físicos e emocionais (distúrbios alimentares, traumas causados pelo bullying sofrido quando criança, automutilação, etc). Celebridades capturadas andando sem maquiagem por aí são consideradas uma grande farsa. Mas, sério? Acho que a farsa está longe de ser a Katy Perry sem maquiagem.
Demi Lovato em 2009 antes de ir para a reabilitação
Demi esse ano. Falam que ela engordou muito depois da rehab, eu só acho que ela se adaptou ao tipo físico dela e está linda. Olha como o formato do rosto mudou!
Na vida real, não existe maquiador profissional disponível 24 horas para dar um retoque nas nossas "imperfeições", não existe photoshop para delinear nossa cintura. Nem na vida real da Katy Perry, nem na vida real da Demi. Essas mulheres não precisam disso para serem consideradas lindas. Nem elas, nem nenhuma de nós.
Por que achamos estranho quando vemos estrelas sem maquiagem? Por que é tão comum ao vermos um celebridade de perto dizermos que é mais bonita por foto? Porque preparam nosso olhar para algo bem mais bonito, tão bonito que chega a ser fantasioso. Criaram um conceito de beleza que ninguém conseguirá atingir naturalmente, do tipo nasci e sou linda assim. Sobrancelhas ainda serão feitas, olheiras ainda irão de se cobrir e até mesmo plásticas serão consideradas. E quanto tempo ainda vamos ter que aceitar esse conceito como atingível? Espero que não muito.
Ilustração da Carol Rosseti.
Não considere feia essas mulheres incríveis sem maquiagem. Elas são mulheres REAIS. Não se pressione para ser o que não existe. Saiba que beleza existe sim, em cada uma de nós, e está longe de ser o que publicam por aí.
Por isso eu aplaudo de pé o novo clipe da Colbie Caillat e ouso em discordar de quem diz "o que maquiagem não faz, né?" ou então "muito mais bonita de maquiagem". Beleza não tem que ser pele iluminada e olhar valorizado com delineador gatinho e camadas de rímel. Porque ninguém nasce assim, ninguém precisa estar assim o tempo inteiro. Então da próxima vez que você se olhar no espelho e não entender por que você não parece com a Kim Kardashian, entenda que nem a própria parecia com ela antigamente. E provavelmente toda as mudanças que vemos na imagem dela ocorreram porque ela estava querendo se encaixar no padrão (sim, esse que não existe).
Vamos valorizar a beleza real que existe em cada um de nós.
OBS.: Acho que cada um tem o DIREITO de fazer o que quiser. Pintar o cabelo, usar maquiagem todo dia, fazer cirurgia plástica, malhar ou não malhar. Eu apenas quero levantar a seguinte reflexão "o que eu estou procurando quando faço todas essa modificações?".