Se A Culpa é das Estrelas fosse uma obra jornalística, com certeza seria de human interest: o autor quer tocar cada alma viva que se dispõe a saber da história que ele oferece. Hazel Grace Lancaster sofre de câncer terminal e se prepara para morte que pode vir a qualquer momento. Nós já ouvimos e vimos algumas histórias, ficcionais ou não, sobre a doença por aí e, com certeza, nos entristecemos em todas elas. As histórias sobre câncer são como a doença em si: vão, aos poucos, tomando conta de todo nosso corpo.
Todos nós vamos morrer um dia. Talvez um dia estaremos no portão de nosso apartamento e um ladrão roubará nossas vidas por um celular, talvez estaremos dormindo e o fluxo de sangue que segue para o nosso coração seja bloqueado. Talvez. Não sabemos. A morte assusta, primeiro, pelo motivo óbvio do desconhecimento. Nós tememos o desconhecido. Segundo, porque não sabemos quando ela vem. E por fim, porque é inevitável.
Talvez, o que torna os pacientes de câncer (como de muitas outras doenças crônicas) um ser incrível, e também emocionante, é que eles aprendem a conviver com a dor - física e psicológica. O câncer é quase uma metáfora da vida: uma batalha diária para ser um sobrevivente.
Logo, é muito fácil fazer-se emocionar com uma história sobre câncer. E assim John Green o faz. Mas A culpa é das Estrelas não é apenas sobre câncer nem apenas sobre o amor: O seu maior legado é falar sobre as pessoas que tocam nossas vidas.
Todos nós estamos em constante dinâmica com outras pessoas. Conhecemos pessoas novas e deixamos que algumas delas mudem nossa forma de ver o mundo. Nós escolhemos quem vai nos ferir, como diria Augustus Waters - par romântico de Hazel, a protagonista da história. E por essas pessoas sentimos o maior e melhor tipo de afeição, o amor.
Qualquer pessoa consegue se relacionar com a obra pois todos nós compartilhamos o medo de perder alguém amado. Nós, assim como Hazel (que viaja até a Holanda para descobrir a sequência do seu livro favorito), queremos saber o que acontece quando um livro acaba. E o livro, nesse caso, pode ser tanto a nossa vida quanto a dos outros.
A Culpa é das Estrelas é um filme¹ lindo e, propositalmente, emotivo. Ele encanta e diverte os seus espectadores com a leveza de Gus e sábia frieza de Hazel. Não é um filme que eu veria muitas vezes - ele machuca e causa aquela sensação ruim de choro preso na garganta. Contudo, assisti-lo uma vez foi suficiente para entender o motivo de seu sucesso.
1: Falo do filme porque não li o livro.
Queria salientar que as interpretações estão incríveis. Shailene Woodley, que dá vida à Hazel, sambou na cara da sociedade, tornando quase impossível lembrar que alguns anos atrás interpretou a teenage mom mais querida da televisão (sdds a vida secreta de uma adolescente americana). Além das atuações, o que também me chamou atenção foi a trilha sonora:
Quase gritei no cinema quando essa música tocou. Jake Bugg <3
Fotos: Tumblr