Quem ama skincare deve notar que os limpadores nem de longe são tão comentados quanto séruns, máscaras e cremes. Quase ninguém fica *louca* para ter aquele lançamento de limpeza, mas acredite: essa etapa é fundamental, e muitas vez mal-feita (postei e saí correndo). Fala-se muito sobre a importância de remover sujeiras e sebo em excesso para evitar o acúmulo destes nos poros, e assim o surgimento de cravos e possíveis inflamações (alô, espinhas), só que a higienização também funciona para evitar o conhecido ~envelhecimento precoce~ da pele.
Por que limpar?
Envelhecer, se Deus quiser, todas vamos envelhecer. Ninguém vai ser jovem para sempre, e isso gerará mudanças no nosso visual. Na maioria das vezes, o termo "envelhecimento precoce" não se refere às mudanças naturais que acontecem com a idade (o tal do envelhecimento intrínseco); geralmente, ele é utilizado para citar o envelhecimento potencializado por fatores externos, como poluição, alimentação, sedentarismo, e principalmente exposição ao sol.
[Importante ressaltar: o envelhecimento precoce também pode acontecer internamente, como consequência de fatores genéticos]
Para entender como esses fatores externos levam ao envelhecimento da pele, a gente precisa falar sobre os radicais livres. Respira, que lá vai um pouco de ciência. Vamos lá: o próprio organismo gera a produção desses infâmes radicais livres. Essas moléculas potencialmente danosas surgem naturalmente durante a transformação de alimento em energia, por exemplo, mas elas logo são combatidas e neutralizadas por outras moléculas do corpo. Em níveis baixos e normais, nada acontece. Por outro lado, em excesso, os radiciais livres podem levar ao processo de estresse oxidativo, que leva à danificação e à redução da capacidade de regeneração das células.
Estresse oxidativo: quando há um desequilíbrio entre os radiciais livres e as moléculas de defesa responsáveis por combatê-los (os tais dos antioxidantes). A perda de colágeno e outras fibras elásticas, que dão firmeza à pele, é um dos resultados desse processo, assim como a hiperpigmentação, o enfraquecimento da barreira de proteção, entre outros.
Como comentei, o contato com a poluição e outros resíduos é um dos fatores que pode levar a esse aumento na formação de radiciais livres, ou seja, nós não queremos deixar essa poluição ir para o nosso organismo.
Como limpar?
Ao longo do dia, a gente cruza com fumaça de cigarro, de carro, e um monte de outras substâncias estressantes à pele, sem contar com o suor, sebo, e até células mortas liberadas pelo próprio organismo. Os surfactantes, também conhecidos como tensoativos, são os responsáveis por fazer essa limpeza superficial. Vou deixar de lado os detalhes complicados sobre como os surfactantes atuam, resumindo apenas que eles "abraçam a sujeira" e a levam embora com no enxágue com água. Entendido?
Existem muitos surfactantes no mercado: o sabão, os sulfatos (entre os mais conhecidos estão o Sodium Lauryl Sulfate e Sodium Lauril Ether Sulfate), e até versões derivadas do coco e outras frutas, como a maçã. Os últimos são considerados mais gentis, enquanto os dois primeiros são considerados mais abrasivos. Mas você não precisa temer os sulfatos, tá? Eles são ótimos agentes de limpeza desde que usados na quantidade certa – se você quiser cautela, opte por produtos em que o LSL ou SLES não seja um dos primeiros ingredientes da lista (geralmente os produtos contêm mais de um surfactante), e nada de lavar o rosto mais de duas vezes ao dia.
Qual produto escolher?
O segredo da limpeza, portanto, está achar uma fórmula/produto que ao mesmo tempo seja eficiente na limpeza e gentil com a *sua* pele, sem ressecar. Nós, brasileiras, amamos achar que um limpador é bom quando ele aparenta ter sugado tudo por ali, até nossa alma, mas a verdade é que se a pele saiu "sequinha" demais depois da aplicação do sabonete, ele provavelmente retirou muito mais que as sujeiras, como também boa parte hidratação natural da pele.
A dica é apostar em composições com elementos hidratantes, como glicerina e aloe vera (mas existem muitos outros, ok? ) – e, sim, pele oleosa, isso serve para você também. Não precisa entrar em pânico, afinal o produto vai ser retirado em alguns segundos do seu rosto. Lavou, saiu. Além de tudo, pele desidratada pode gerar ainda mais produção de óleo, viu? ;) [depois a gente fala de ativos antioleosidade no limpador também, aqui é o basicão].
Bom lembrar que galera com eczema, rosácea, psoríase ou qualquer sensibilidade de pele não pode cair em generalizações, e só um médico consegue fazer a indicação correta.
Para garantir que a pele fique limpinha, a gente precisa ficar pelo menos um minutinho (mesmo!) massageando o rosto. A gente jura que tá tudo lindo se colocarmos o produto na cara, e retirarmos dois segundos depois, mas a realidade é que ainda deve ter muito resíduo por ali. Para checar se a limpeza rolou, é só pegar uma toalha ou algodão branco e ver se sobrou algo dali – maquiagem, protetor com cor, etc. Se saiu de boa, repita dali em diante exatamente como fez. Se sobrou, capriche mais da próxima vez. Algumas vezes percebi restos de protetor solar próximo ao pescoço, então passei a dedicar mais tempo a essa região.
Fora isso, o limpador vai muito de preferência. São muitas texturas disponíveis: gel, creme, espuma, óleo emulsificante. Hoje em dia cosmético é experiência, uma parada sofisticada, e a gente curte muito o sensorial das coisas. Pessoalmente, gosto quando o produto não deixa um residual pesado, parecendo que já passei hidratante, ao mesmo tempo que adoro texturas mais encorpadas, não tão líquidas. Por isso, espumas não são minhas preferidas.
Cuidar da pele é muito sobre paciência, consistência e observação. Então, tente não mudar vários produtos de uma vez, assim você conseguir notar melhor a reação da sua pele a um produto específico: quando for introduzir um novo limpador, não insira nenhuma outra novidade ao skincare, e teste-o por uma semaninha para ver como rola a adaptação.
Pronto! Limpinha, a pele tá muito mais preparada para receber a hidratação e os diferentes ativos de tratamentos das outras etapas .