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Eu encontrei Kim Kardashian

Hoje eu pude realizar uma experiência que nunca imaginei que teria logo no primeiro estágio – e, olha, eu sonho alto. Compareci à coletiva de imprensa da Kim Kardashian, que esteve no Brasil para falar sobre a coleção de roupas que assinou em parceria com C&A. 

Quando pequena, eu sempre sonhava com o dia em que eu trabalharia em uma redação e participaria de eventos assim. As coisas não aconteceram do jeitinho como corriam pela minha cabeça, mas ainda assim, me emociono ao perceber que consegui alcançar, de certa forma, parte dos meus planos. O caminho ainda é longo, mas eu já comecei a percorrer.



Não vim comentar o que muitos portais de notícias já publicaram. Eu vim mostrar meu olhar sobre o evento e, infelizmente, nem tudo são flores. Eu acredito que o jornalismo e os profissionais que trabalham nessa área, assim como eu, ainda têm um longo caminho para percorrer. Dizem que a profissão está em crise – e não teria como ser o contrário, se as mídias convencionais não conseguem acompanhar as mudanças que ocorrem na sociedade, na forma como as pessoas pensam e como captam informação. O jornalismo de massa continua baseando suas publicações em padrões que aos poucos vão sendo desconstruídos (principalmente, graças às vozes plurais que existem na internet) e em um know-how retrógrado, que insiste em fórmulas que deram certo a 20, 30 anos atrás (e quantas coisas não mudaram desde então?)

Muitos jornalistas teimam em negar a importância de blogueiras e outras personalidades/profissionais da internet. Até quando aceitam a influência destas, tentam diminuir a capacidade, alegando que não sabem produzir conteúdo de qualidade. No entanto, o que percebi foi a presença de muitos profissionais que trabalham para veículos jornalísticos fazendo perguntas rasas, que, com certeza, não vieram de uma apuração sofisticada. E acredito que muitos deles nem mesmo se preocuparam em fazer, afinal, a celebridade em questão (na cabeça de muitos) não carecia de uma pesquisa aprofundada. Isso porque ainda persistem preconceitos sobre quem merece e não merece os holofotes. As pessoas aceitaram que muitas pessoas ficam famosas por nada e até se aproveitam disso, crescendo a partir daí a mídia que chamamos de sensacionalista. Mas, aparentemente não conseguem fazer uma reflexão da fama (na maioria das vezes efêmeras) dessas pessoas com o contexto social atual. E ainda: não conseguem entender porque algumas, como Kim, permanecem nos  holofotes por tanto tempo.



Se saíram boas manchetes sobre o evento foi porque Kim conseguiu dar boas respostas. O nível de preparo entre entrevistadores e entrevistada estava muito desigual. Ela sabe da influência (no mundo das celebridades, na moda, de comportamento) que tem atualmente, enquanto os jornalistas perdiam o foco. Ou por eles serem MUITO fãs ao ponto de colocarem em segundo plano a atividade jornalística de qualidade ou por teimarem em julgá-la com superficialidade, mesmo que "reconhecendo" a importância que ocupa no mundo.

Kim esbanjou elegância e simpatia, mas deixou claro que é uma pessoa de negócios (e que soube crescer com a fama repentina): "I take hair, make up and wardobre very seriously. It's part of my business", revelou. Afirmou que demora horas, junto com seu cabeleireiro e maquiador pessoal, pensando no seu look e que SEMPRE, sempre se lembra do que usou. Fácil julgar, difícil é aceitar que ela conquistou o mundo assim. E não existe prova mais concreta que a própria realização da parceria com C&A: Kim foi convidada porque foi a personalidade mais requisitada em uma pesquisa sobre quem o público gostaria de ver assinando uma coleção para a rede de fast-fashion.

E adivinhem só: as maiores revistas de moda do país brigaram para ver quem consegueria uma cobertura exclusiva. A grandiosa Vogue se rendeu às celebridades (reality star ainda?) que por tanto tempo renegou.

Acho que os jornalistas deveriam aprender com Kim: por mais banal que possa parecer seu trabalho, leve ele a sério. Um trabalho bem feito (tratado com importância que talvez nem se imagine merecer) gera resultados bem feitos. Talvez assim eles entendam que os tempos mudaram – e porquê estão em crise.

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