Estilo próprio: taí uma expressão que não é estranha, né? Ao
mesmo tempo, muitas pessoas podem dizer que “nunca viram, nem comeram, só ouviram falar”, como diria nosso amigo Zeca (péssima trocadilho, desculpa).
A
gente costuma escutar vez ou outra que moda não deveria ser entendida como uma
futilidade, afinal, ela é uma forma de expressão. A gente se comunica através das roupas. Mas, calma.
Vamos parar e refletir, você realmente consegue captar as pessoas pelo que elas
vestem? Você olha para alguém que seja no cotidiano e entende um pouquinho mais dela pelo visual?
Eu
acredito que, sim, a moda é um meio de comunicação – e um meio impactante e poderoso. Mas eu não
acho que todo mundo fale por meio dela. Por alguns motivos que já discuti aqui
no blog: nós fazemos compras em busca de
um prazer imediato; achamos que mais é mais (mais roupa, mais opção, mais
chance de sermos bem sucedidas nessa busca eterna para sermos a “nossa melhor
versão”); nós não relacionamos as roupas que compramos com quem somos e com
nossas verdadeiras vontades e desejos. Às vezes compramos uma roupa
porque “o preço tá valendo”. Só que no fim esse “achado” vai para o nosso
guarda-roupa e fica parado, assim como tantas outras roupas.
O
resultado? Nós ficamos com um guarda-roupa abarrotado de “possibilidades” que
mais atrapalham que ajudam. De tanta coisa, a gente não consegue mais ver. E
acabamos optando sempre pelas mesmas peças. Quem nunca passou por essa
situação? Isso, no entanto, é ótimo para a indústria que alcançou o objetivo
dela: vender, vender, vender. Afinal, esse é o objetivo de qualquer indústria, né? A indústria da moda é só mais uma
de tantas, vale lembrar.
fashion, i am not your bitch. sorry, not sorry. |
Nesse
cenário, a moda como expressão da nossa personalidade acaba não existindo. Essa frase e suas variantes (moda como identidade, por exemplo) ficam vazias, sem significando. E em alguns casos é até mesmo usada para atrair ainda mais o consumidor. O slogan "moda é expressão" pode até mesmo justificar os gastos que você faz com roupas, sapatos e acessórios: “Ora, qual é o problema de gastar com isso? Moda não é fútil, moda é expressão”. Ou
em um exemplo mais simples e cotidiano: quem nunca comprou uma revista ou olhou
um vídeo no Youtube buscando dicas para encontrar o próprio estilo? Ao fazer isso, esquecemos de algo importante: estilo é muito mais sobre o interno que o externo.
Quem
não quer usar a moda para mostrar quem é, certo? É mais autêntico! Só que nesse
cenário que vivemos, como podemos fazer isso? Isso sempre foi algo que me
perguntei bastante e que sempre procurei entender e confesso que ainda estou no
processo de compreensão. Muitas
perguntas rodavam pela minha cabeça: “se moda é liberdade e expressão, por que a gente se
esforça para se vestir de uma determina maneira?”; “existe mesmo uma mensagem no que
vestimos?”.
Confesso
que pensei que não acharia uma solução para esses enigmas. Moda era alienação e pronto. Eu teria que aceitar e viver com isso, já que eu continuava gostando
tanto de moda mesmo assim.
imagem: google/keep it social |
Mas
então veio o curso de consultoria e o livro Vista Quem Você É, das meninas do
Oficina de Estilo. Entendi que as roupas poderiam ser expressão se eu parasse
de tentar entender como a moda poderia ser comunicação e focasse em outra questão/ponto de vista: como EU poderia me comunicar pela moda? E esse é o processo que vivo agora.
Enfatizo
ontem, hoje e sempre: para a gente tentar entender melhor o mundo, vale
olharmos para nós mesmas!
Então,
sim, moda pode ser comunicação pessoal, mas para isso eu preciso me entender
antes. Afinal, para quê vou ficar obcecada no ato de vestir/utilizar as roupas, se eu não sei nem como eu quero as utilizar? Aqui, vale também fazer as perguntinhas que citei na publicação anterior.
E estilo próprio existe, sim! Porque estilo não
é só roupa. É também a decoração da
nossa casa, os filmes que assistimos, os quadros que amamos, as imagens que
impactam a gente e tantas outras coisas. Em um sentindo mais profundo, estilo
são as escolhas que fazemos, como falou a Cris Zanetti em entrevista à Marie Claire.
Então,
você entende direito por que você faz as escolhas que faz? :p