Foto: Jesse Chamberlin
Sabe quando você repara onde está e vê que, sem ter imaginado, está atolada de coisas esquecidas? A vida parecia estar em um certa calmaria, sem muitos afazeres. O tédio chegava (mais vezes que o desejável), e para afastá-lo, eu, como de costume, fuxicava algumas lojas online; e buscava novos filmes, novos cursos, novas músicas. Me jogava em uma aventura no world wide web à procura de alguma novidade para dar uma graça à vida.
Por algum motivo, no auge do meu tédio, resolvi não mais ir atrás de uma novidade, mas olhar para o passado. Eu carrego comigo a impressão de que não levo muitas coisas adiante; eu paro no meio – ou às vezes, quase no final.
Abri, então, um arquivo no word e me pus a escrever todos os cursos e experiências que me lancei nos últimos sete anos, quando me mudei para São Paulo e comecei a faculdade. Quando já não me lembrava de mais nada para acrescentar, agrupei essas vivências em temas.
Meio louco. Nunca havia olhado de cima e reparado que minhas curiosidades carregavam traços em comum. Mas ali, em duas páginas, estava meu "aglomerado de interesses": jornalismo, idiomas, moda, comunicação digital e marketing, no âmbito "profissional"; e, no "âmbito pessoal", nutrição, bem-estar, astrologia e rotina e organização. No meio dessa salada, estavam ingredientes ímpares, que não fundiam muito bem como prato, como cursos de pintura, de maquiagem e até teatro.
Coloquei qualquer mínimo "recurso" nessa lista: minha faculdade, cursos de curta duração, cursos onlines, livros, e-book, palestras, eventos, baixáveis gratuitos… qualquer coisa que eu tenha vivenciado, colocando grana ou não. E, nisso, eu reparei: eu estava atolada de coisas esquecidas. Cursos que me inscrevi e nunca terminei de fazer; ferramentas que comprei e nunca completei; que deixei de lado.
Como boa taurina, odiei especialmente a sensação de ter "investido" em algo, gastado meu lindo dinheirinho, com coisas que não foram contempladas. Me coloquei então na missão de fazer um (bom) uso dessas ferramentas que me cercavam sem que eu as notasse, como fantasmas.
Missão dada, logo notei que eu precisava priorizar: não dava para eu dar conta de tantos interesses ao mesmo tempo – da mesma maneira, eu não poderia acreditar que eu ficaria animada abraçando apenas um tópico por vez. A rotina precisa de dinamismo. Daí o óbvio: o primeiro "tópico" para investir seria a organização.
E aqui estou. Reconhecendo a organização de novo. Quanto tempo. Vamos para mais uma jornada?